Direto da Chaika - Texto: Paulo Matta -Fotos: Mickele Petruccelli Pucarelli

A night to remember (Shalamar) 

Direto do túnel do tempo... Fim de tarde, Chaika, um grupo de jovens quarentões se reúne para dar um basta no jejum de contato, que, para muitos, chegava a quase três décadas – dito assim, fica meio assustador, né? A chegada de um a um deixava claro o sentido do tal túnel: quem seria capaz de dizer, por exemplo, que o motor da Moniquinha já era 4.3 turbinado? Bem, no caso dela, cabe um asterisco: com um sorriso cheio de dentes, Moniquinha contou estar em seu segundo casamento, agora com um mancebo onze anos mais novo!

Aí, também, até eu fico mais jovem –  é verdade que, no terceiro casório, esse escravo das letras divide as alegrias e dissabores do dia a dia com uma moça, adivinhem, onze anos mais nova. Bem, mas voltando aos agostinianos recoletos empedernidos que enfrentaram tarde-noite de temporal na cidade, cabem vários registros: a outra parte da dupla dinâmica das Monicas, em seu caso, a que se escreve com um K, transformou-se numa sílfide maratonista; Marcelo Roberto, nosso aglutinador, era só sorrisos, depois de um 2009 que, disse, foi um ‘perrengue’ só. Marcelo é outro para quem o tempo insiste em não passar. Continua exatamente com a mesma cara de 1982.

Michele, exímio fotógrafo, chegou com inacreditáveis melenas à La Oswaldo Montenegro, grisalhas e tudo. Contou que, no estúdio, é capaz de remoçar uma modelo em até 15 anos, deixando nas presentes aquele ar de “pô, de repente, quem sabe...”.
Andrea Távora não parecia, ERA, a mesma menina que conheci quando envergávamos o manto sagrado do time de vôlei; da Nilene, nossa Barbie Patinadora, versão morena, só se viam os dentes – arreganhados de orgulho, por sinal, ao apresentar seu bodyguard, o filhote mais velho; Vera foi a guerreira da noite, superando obstáculos como o carro enguiçado e uma árvore caída, para nos encontrar; e last but never least, Mario Jorge nos brindou com sua habitual verve, aperfeiçoadíssima ao longo destes anos.

Predicativos como “divertida” ou “legal” são pouco para descrever as mais de quatro  horas em que buscamos lá do fundo do baú histórias de uma época de ouro. E o melhor era ver que todos lembrávamos delas. Sinal de que os HDs externos que fomos adquirindo ainda funcionam – embora a Moniquinha, por motivos óbvios, tenha sido apelidada de pendrive.

Sim, falamos muito de vocês, ausentes pelos mais diversos motivos. Levamos à mesa da Chaika, sem exagero, algo como 80 ex-colegas. Exemplos? Temporal foi a Angra de bicicleta com o Marcos Soares (desculpem-me se errei no acompanhante); Marcelo “Chupeta” Cruz era o rei da peçonha – “Disgusting”, definiu o tradutor Mario Jorge; qual foi o concurso que a Karla ganhou?? E a Pitty se apresentando no primeiro ano: “Meu nome é Maria Elisa, mas me conhecem por Pitty, com dois T e Y, bem sofisticado”. O Malaquias (Paulo Calmon) virou juiz, quem diria? Vera foi a melhor anfitriã do terceiro ano? Como as fitas do De Moro eram boas! Eu ganhei duas da Renatinha Laureano, músicas do Imagination em doses fartas. Quem lembra do motorista do pai da Bel Fortes que, mulato de olhos verdes, deu a vitória à turma dela na gincana?  E o que dizer da festa na casa do Brasil, depois da qual ficamos, os homens, a chutar pedras em morcegos em plena Sernambetiba, esperando por um ônibus que só viria pela manhã?

Uma pergunta pinga-fogo nos fez pensar em como eram inocentes aqueles tempos: “Quem, entre as meninas, não saiu virgem do Santo Agostinho?” E não é que só a Nilene, que namorava um cara apelidado de “esquisito” pelo Mário Jorge, levantou o dedo??   É fato que a Andrea Távora, risinho nervoso, saiu pela tangente...

À medida que a noite avançava, os celulares passavam a tocar com mais vigor: de férias com os filhos em uma praia em São Paulo (????), o marido da Andrea queria saber o que diabos ela fazia àquela hora na rua; o garotão da Moniquinha (N.R: Trata-se de puro despeito, já que ela foi uma das muitas a me dar toco naquelas catacumbas) também deu o ar da graça, assim como meu mais velho e a mãe dos meus dois filhotes mais novos. Mas, pra lá das 23h, garçons naquele clima de “vambora”, despedimo-nos uns dos outros e prometemos reeditar o encontro asap, contando com a adesão de vocês, expatriados ou não. Ah, pra turma de Sampa, vale dizer que a galera marcou uma prainha na Carlos Góis hoje... Beijos e abraços pra todos. Paulo Matta